domingo, 28 de março de 2010

Dentro.


Por fora eram completamente iguais. A vista de suas janelas eram a mesma, só mudava a direção.
Enquanto ela era acordada pelo os primeiros raios do sol, ele o via se pôr sobre o mar.
E assim, ainda dentro de suas casas, trocavam nos olhos uma mensagem pra janela vizinha - verdades compartilhadas. Mas, ainda protegidos pelas paredes e grades, se sentiam seguros.
Quando não queriam ir pra chuva, ou para o mar, ficavam como uma fotografia, sem idade, sendo enquadradas em um espaço vazio, preso em um caixote sem cor.
Por vezes, sentiam ainda pingos, vindos da brisa ou de nuvens negras, que carinhosamente atingiam suas faces - como um beijo ou um tiro, que quebravam vidros e não respeitavam leis físicas. Fechavam os olhos. E estavam completamente livres. Dentro de seus mundos, observavam tantos universos - lá fora, como uma criança que espera atenciosamente por estrelas cadentes.

Qual o tamanho de um mundo? O que se cabe em uma janela? O que se passa lá fora, quando ainda estamos dentro?