terça-feira, 30 de outubro de 2012

meia noite e um bocado.


Por lá já deve ser 4:21 da madrugada, aqui eu ainda continuo acordado – hoje meu medo é tão concreto que vejo a vida como uma simples epiderme cobrindo nossos traumas. Este é meu último gole antes de ir à casa, e quando se sabe a última dose pra voltar, o álcool simplesmente é um sonífero tardio. Em mim não houve resultado. Antes de levantar, tirei uma casca dessa camada grossa que não inventamos palavra para descrever e tentei seguir. Ser adulto para mim é algo tão infantil que aproveito o privilégio de ser. Agora eu tenho esta válvula: ser adulto. Beber, sair com os amigos, não ter horário em voltar, me proteger... O ultimo gole desce quente, talvez tenha propositalmente demorado nas doses, mas levo a punição do copo quente. E quando este líquido quente atravessa minha garganta, fecho os olhos e nada mais sou do que memória. Herdei de minha família materna a mania de rezar antes de dormir, mas rezo fazendo regressões que finalizam em uma ordem cronológica no futuro; estarei dormindo as 4:21?.