segunda-feira, 14 de abril de 2014

danos


1.
agora que tenho as mãos sobre o universo escuro posso observar detalhadamente cada marca, atrás de mim milhares de estrelas.

2.
dividimos naquela noite algo perdido no mundo; depois que alcançarmos o interstício nada mais restará que seja visível. Talvez em alguns anos, milharesdanos, a lua em sangue perca-se mais uma vez sobre a luz da cidade - tudo igual, exceto nós. Tenho passado dias buscando criar fotografias. Não gosto de fotografias, gosto do perdido. Mas cresce em mim uma espécie de homem que quer tudo em caixas de vidro, iguais, talvez seja maldições de meu signo, vejo ao fundo esta constelação.

3.
quando descobri a cor do lençol, já pela manhã, custou acreditar que entregaríamos o ouro de uma só vez. Foi a primeira (única) vez que me disse eu te amo, em linguagem de sinais com as mãos (e era a primeira vez que deitava comigo).

4.
me presenteou com um livro que logo devorei. Parecia água caindo sobre as folhas, água agitada. um encontro.
Sutilmente disse que fotografia não é memória. Tudo assim está perdido, mesmo em caixas.