sábado, 25 de junho de 2011

Correspondente

Meu caro desconhecido,

Confesso que encontrar-te as vezes não é um prazer, chega a ser um tanto desconfortável, porque primeiro há o grande bloqueio.
Ainda pensei que indo pra longe jamais te encontraria outra vez, mas parece que é destino. O que tu chamarias de karma.
Sem esperar uma unica palavra tua, venho te questionando de modo que eu mesmo encontre as respostas. Mas do que me adianta encontrar, se ainda não sei como usar?
Tu já conseguistes me ferir diversas vezes. Ma sempre mantive isto em segredo. Ferir é um crime, e tu deves ainda ser livre. Mas desta vez será ao meu modo.
Se não tivesse acostumado comigo mesmo, haveria o exagero. Mas em mim só há espaço para a simplicidade.
E se não for simples, não encaixa.
Já reparastes como sou contraditório em tudo que escrevo para ti?
É que não tenho mais medo do temporário, amigo. Nem utilizo mais os números para somar.
E se eu deixasse tu falar por uma vez? Este é o meu erro.
Mas é que tu não precisas das palavras. Se tem algo que nos diferencia é o teu olhar; ele te entrega. E quem tem olhos não precisa das palavras.
Não foi nosso primeiro encontro depois da última carta. Mas é que das outras vezes aconteceram de forma diferente. Sempre tinha o outro. E o outro disse: olha lá, lá do outro lado, olha o desconhecido...
Na verdade disseram; olha lá... o estranho. Mas é que eles não tinham a sensibilidade de distinguir.
Então não escrevi para ti. Pois não te achei, apenas te vi.
E te achar é meu grande prazer.

Fica Bem,

Juca Lord.