sábado, 21 de julho de 2007

- Antojo


Me lembro desde criança. Eu queria os olhos de Syd Barret para ver as fadas de Elsie Wright e Frances. Eu sempre chorava pelo os cantos quando não conseguia algo. Um dia eu fiquei no jardim procurando as tais fadas que a mentirosa da Frances disse que viu. Foi quando me deparei com umas bitucas de cigarro, que minha mãe jogava lá.
Tinha um cheiro agradável. Curiosidade é sinônimo da evolução, mas às vezes se torna antônimo de prudência. Pensei em colocar na boca. Mas ninguem é totalmente inocente, eu sabia que vivemos em uma sociedade 'Faça o que eu digo, não faça o que eu faço'. As marcas de batom nas pontas, me lembrou a surra que eu levaria, se minha mãe me pega mechendo naquilo.
Talvez as fadas, seriam apenas contos de Lobato ou quadros de Sophie Anderson. Onde eles fazem as coisas perfeitas, afinal são deles, eles fazem como bem entender, asas coloridas em simetria perfeita!
E talvez as fadas em meu jardim sejam as bitucas de cigarro, que minha mãe joga lá. As fadas cheiram a tabaco, como doces, todos temos vontade de provar. Mas as fadas fazem tanta fumaças, fumaças negras na cabeça do duende em meu jardim, que por medo eu não conheci as fadas de Wright. E ando chorando pelo os cantos.

Duas Rapi(a)dinhas.

-

Senhor Merda.


As vezes eu queria ser curto e grosso.
Até que um dia eu consegui:
Virei uma bosta.


-



A fome


O verbo se fez carne,
e os homens comeram!
Frito em oléo de soja.

-

. Se não se importa


Pouco te importa minha história; pra que você veio ler minha biografia? Pouco te importa a cicatriz em minha testa, e toda éstoria atrás dela. Pouco te importa a origem de meu nome. Se é que 'cê' sabe o meu nome. Pouco te importa o numero de meu rg; eu nem tenho identidade; Pouco te importa a história de meus pais, ou do meu país.
Nem se importa com minha honra, e se tenho algo a zelar; pouco te importa minha ira, ou minha vaidade obsessiva.
Qual a cor de meus olhos? Nem se importa em ver.
Pouco te importa meus versos, meus medos. Pouco te importa meu cabelo; ou o xampu, que eu uso. Pouco te importa minhas caspas, ou a ultima vez que fiz minha barba; Pouco te importa meu ultimo dente de leite, e quanto a fada me pagou por ele.Foi em dólar?
Pouco te importa meu desjejum, ou a droga que me faz feliz. Pouco te importa minhas notas, ou meus dotes culinários.Nada importa, nem sabe o que eu falei no confessionário. Nem se importa se rimo sorte com morte. Pouco te importa o choro de uma criança.
E eu pouco me importo com seus receios. Só sabe os meus defeitos. Faz drama em sinfonia. Se não se importa, vá pra bem longe, que o diabo te carregue!

sábado, 14 de julho de 2007

- Sindrome do Cavaleiro Andante (parte III)


(Prólogo ou final?)

Ele estava tão magro, que seu joelho cortava sua calça de seda preta.
O Cavaleiro de aparências sombrias, me passava agora uma imagem de 'bom velhinho', Ele não estava com o seu cavalo, e suas armaduras deram espaço a uma roupa bem leve.
Se levantou do sofá, e me disse:
- Por que você acha que me chamam de Cavaleiro Andante?
Achei melhor não responder, o silêncio é a melhor resposta em certas ocasiões.
- Por que você resolveu 'contar pra os que não andam sobre mim'? Você acha que é quem? Você tem poder? Eu era um segredo seu. Agora todos já sabem...
- Mas...
- Nem mas, nem mais! O pensamento se quebrou!
-Pensamento?!
-Sua imaginação! Eu faço parte dela...
Ele partiu, com o seu cavalo que eu não vi de onde chegou, era um cavalo parecido o de pica-pau, fez lembra minha infância, acho que foi a última vez que eu o veria, mas não dei tchau. Nem uma instrução ele me deu, então eu mesmo concluir que...
'4ª instrução - Um Cavaleiro Andante nunca conta seus sonhos para aqueles que não andam, eles são porcos, vão rir de sua cara, e vc deixara de sonhar...'


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Parte II ( http://arquivo--morto.blogspot.com/2007/06/sndrome-do-cavaleiro-andante-parte-ii.html )

quarta-feira, 11 de julho de 2007

- Louvado seja Deus*

Chegou com a tal pilúla para minha dor de cabeça.
Peguei o 'remédio' e tomei com uma água que sua irmã me trouxe em um copo de extrato de tomate.
Durante alguns segundos senti gosto de ideologia no céu da boca. Era um dia chuvoso, os pingos que caiam dos 'U' do telhado soavam uma poesia sem rima desdentada!
Me atirei na calçada, os pingos que molhavam minha calça me dava o mesmo prazer que sexo matinal no outono. A enxaqueca não passou, mais o que causou eu ja havia esquecido...
Uma náusea de néctar tomava meus olhos. Eu estava nebulizadamente igual... as gostad de sol começaram a transformar os raios d'água (em meu corpo) em propaganda de 'tevê', grande merchandesing.
- Tem contra-indicações?
- Não li a bula!


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*O Título
Original seria 'Analgéscio', mas Rafael me deu a sugestão de 'Deus seja
louvado', foi o que eu entendi, mas seria 'Louvado seja Deus' e corrigi. Ou seria 'Deus me perdoe'??!