domingo, 29 de junho de 2008

Comunhão matemática.

Então Deus multiplicou o pão.
O pão multiplicou o homem.
O homem multiplicou o Deus.



Mulher Vitruviana

Nas mãos de um alfaiate, sem medidas - uma mulher despia toda sua verdade.
Coração maior que o cérebro.
Boca do tamanho dos olhos e maior que o ouvido.
Olhos, espelhos, do tamanho da boca, brilhante na mesma sintonia da sedução.
Pés, quadril, nariz... as medidas ia dando forma à uma nova roupa.
Vestida, do tecido mais fino e transparante, ia deixando transparecer seu corpo, sua alma.
Uma mulher medida, sem medidas exatas.

Alpondra #2

-Sintomas? Vide bula.


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Alpondra #1

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Sex and plastic.



Para toda penitência, existe um pecado.
E hoje ninguém mais sabe orar.
Vou acender uma vela, até você derreter.
Então você vem para mim,
como uma boneca, uma boneca de plástico.
E eu me entrego de vez a poesia,
e teu sexo me faz renascer.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Lunes et Soleil

Do seu colo saia um deserto, das mãos da artista mais um filho.
A mulher, que agora me vigiava, vivia em uma escala amarela. De grandes olhos, a artista modelava o pincel sobre uma tela em branco. De olhos grandes, ela seguia meus passos ao abrir a porta.
Além de arte. Era criar uma deusa. Uma deusa de nariz afinados, a deusa da estrela maior.
Era uma deusa afinada. Tocava cornetas, e falava francês.
De vestidos decotados, e meteoros no cabelo, ela começara a me vigiar.
Não sei porque, sempre tive a impressão de que ela me observava ao sair do banho.
Olhar malicioso, olhar de deusa, de deusa que ainda era criança e desconhecia o pecado. Mas era também da noite.
Era uma deusa, semi-.
Assitia novela, e usava batom.
Corria pelo universo, fazendo estrelas caírem de seu vestido brilhante e brega.
Não era princesa, e não perdia sapatinhos em escadas, era maior.
Pregada em uma tela na galáxia, sobre meu sofá.
Sem cabelos penteados e de batom borrado, era apenas os traços de uma artista.
Apenas uma taça de sobremesa de maracujá e chocolate.
Para mim, uma deusa. Uma deusa de olhos curiosos.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Vem cá,

sonho de um sonho se realiza?!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Herança

De meu pai; eu quero a rebeldia dos jovens de 70, o cabelo, a voz, a força, e o dom de um bom matemático enquanto desenhava seus projetos. Também quero os vinis de Roberto Carlos e Raul Seixas, que ele escutava todas as manhãs.

De minha mãe; o dom artístico e a criatividade - é tão delicado o jeito que ela meche com arte, o nariz, a pele, o cheiro, a paciência e as respostas espontâneas - a sutileza. Também quero os romances que ela guarda e alguns cd's.

Aqui

Me deixe aqui, neste bar, tomando conhaque, porque eu sei, que mas tarde estarei em outra esquina provando vinho.

E eu sei que você precisa de mim; pra enxugar os copos e secar as lágrimas, trocar a mesa e a música.
E faz tempo que abandonei a cama laranja, que você mesmo descascou.
Não bate a porta, e nem chore...
Porque eu vou ficar aqui, até que aqui acabe.
E eu cultivo bonsai, não sei quando é o fim.



Eu aprendi a regar meu jardim só, mas preciso de alguém para aparar as gramas,
eu preciso de alguém que me ajude nas rimas enigmáticas,
e que peça o menu ao garçon.
Eu preciso ficar só, em uma salada.
Vou morrer e viver e viver aqui.

Nem só de pão

A garota me disse:
Que amor deve ser alimentado.
Não vai faltar comida
em tua panela,
Porque hoje vou te alimentar
Estou de dando amor
Estou te dando amor
Estou te dando amor
Eu vou

De barriga cheia,
ela vinha em minha direção
Declamando uma canção em meu ouvido que falava de amor
Não se canse
Não vomite
Durma comigo essa noite,
após o jantar.



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[ironia] se tivesse em inglês não daria uma ótima canção? [/ironia]