Cortei o pedaço das águas sobre a folha e construí o orvalho onde
repousaríamos. Você colocou a cabeça em meus ombros e com uma voz triste trouxe
uma história que anexei em meu larousse para traduzir qualquer sentimento que
ainda não houvesse nomes. Deste dia ainda tenho a foto do céu, e nela consigo
ver o final do universo, ainda desfocado. Encontrei-a outro dia, dentro do
livro que havia levado na ocasião caso ficássemos em silêncio e isso nos
constrangesse. Desde a descoberta, comecei a entender o sentido de tua
história, ou de qualquer história, antes do sentido. Nelas apenas há vida.
Quando o vento bate sobre os coqueiros ao lado de minha casa penso que é
chuva. O barulho, aos meus ouvidos, é o mesmo. As folhas dançam umas com as
outras como os pingos de água batem no chão. Recordo-me disto para lembrar que
também sou passível aos erros. Agora eu me lembro, naquele dia, tua voz era
apenas tristeza ou havia dengo? Existe em toda tristeza uma parte de carência?