Chegaram em casa
exaustos. Ela veio o caminho todo rindo, feliz, como sempre se manteve. Ele
abriu a porta e a deixou tirar a água do mar primeiro, enquanto ele cozinhava
uma sopa para o jantar. Os pés molhados só traziam para a sala um pouco da
praia e da denúncia daquela tarde. Estiveram lá e tudo foi real.
Teresa saiu do
banheiro com um roupão rosa enquanto secava seu cabelo com uma toalha branca.
Só agora Jonas havia reparado que o sol veio se prolongar na pele dela, e
aquela cor ressaltava o verde dos olhos daquela mulher que um dia ele amou.
Essa era a diferença entre eles; Teresa carregava a natureza, Jonas não tinha
espaço nem para o humano.
- Fiz sopa, gosta?
Posso servir.
- Sim, quero provar
como você se sai na cozinha. Lembra
na faculdade que você sempre deixava o arroz queimar? Teresa riu, mas não pra
ferir. Falar do passado não é ofensa, é saudade. Manteve o riso no rosto e os
olhos no prato vazio.
- Sabe, Jonas?
Estou começando a pintar. Vejo a cada dia que a pintura é superior a
literatura, sabe? Sei que vai me achar ingênua, e que no futuro eu possa mudar
de ideia… Também é isso, não tenho mais medo do temporário. As palavras parecem
que já não são minhas, sabe? Lemos demais quando mais jovens... E cada cor,
para mim, parece uma descoberta… As formas são verdadeiramente minhas.
Jonas manteve-se
calado, serviu a sopa em dois pratos e sentou-se. Recriminou-a, pedante. Diminuir a literatura era a
pior das ofensas. Já não tinha mais o seu meio.
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