segunda-feira, 16 de junho de 2008

Lunes et Soleil

Do seu colo saia um deserto, das mãos da artista mais um filho.
A mulher, que agora me vigiava, vivia em uma escala amarela. De grandes olhos, a artista modelava o pincel sobre uma tela em branco. De olhos grandes, ela seguia meus passos ao abrir a porta.
Além de arte. Era criar uma deusa. Uma deusa de nariz afinados, a deusa da estrela maior.
Era uma deusa afinada. Tocava cornetas, e falava francês.
De vestidos decotados, e meteoros no cabelo, ela começara a me vigiar.
Não sei porque, sempre tive a impressão de que ela me observava ao sair do banho.
Olhar malicioso, olhar de deusa, de deusa que ainda era criança e desconhecia o pecado. Mas era também da noite.
Era uma deusa, semi-.
Assitia novela, e usava batom.
Corria pelo universo, fazendo estrelas caírem de seu vestido brilhante e brega.
Não era princesa, e não perdia sapatinhos em escadas, era maior.
Pregada em uma tela na galáxia, sobre meu sofá.
Sem cabelos penteados e de batom borrado, era apenas os traços de uma artista.
Apenas uma taça de sobremesa de maracujá e chocolate.
Para mim, uma deusa. Uma deusa de olhos curiosos.

2 comentários:

Amanda Silveira disse...

/sem palavras.

Raisa Bastos y Rodrigues disse...

nem toda mulher ia gostar de ser deusa assim
... só as absolutamente normais.