quarta-feira, 30 de abril de 2008

Depoimento pós-carnaval - Parte II *

* nem me pergunte pela parte I !

Foi daí que eu descobrir porque tudo se acaba em cinzas.
Uma louca ia apagando seu cigarro quando falava do manguezal.
- O mangue daqui é tão lindo... imagine ali depois daqueles 'matos' tudo é podre... tudo lama...
E eu, eu ia escutando tudo, tudo em sonoridades de marchinhas de carnaval. Parecia ter saído de frente de uma grande caixa de som, e todo zunido de uma alegria falsa ia me desgastando.
A compulsão de escrever cartas, de viver na sombra, eu estava me sentindo um Deus pintando toda aquela tela linda, em tons de verde. Até que alguém admirando toda aquela beleza, passa-se a mão na tela, a tela que ainda tava de tinta fresca.
O manguezal guardava todas as cicatrizes da noite anterior, era fim de carnaval.
Agora só restava garrafas e copos plásticos amassados nas águas da tela
O mangue daqui parece feio, essas sujeiras, os esgotos, 'ali depois daqueles matos' tudo é limpo, águas limpas.
Todo mundo conhecia eu-manguezal dali do cais, ninguém nunca chegou ao verde com medo da lama.
Era a hora de tirarmos nossas fantasias.

Um comentário:

Beija-Flor disse...

'ninguém nunca chegou ao verde com medo da lama.'

e esse medo de 'se sujar' na lama faz com que não possamos ver a beleza que nos espera atrás disso tudo.